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Você já ouviu falar na expressão “DANK BEER”?

Se você ainda não conhece ou quer entender melhor como o termo surgiu e sua associação com as cervejas, acompanhe nosso artigo que explicará alguns detalhes da origem da expressão.

O universo das cervejas tem o seu desenvolvimento de perfil mutável e evolução contínuos, com o surgimento de modismos e ondas de consumo que nascem e desaparecem com a mesma velocidade, surpreendendo a todo instante.

Se há alguns anos atrás, especialistas diziam que o estilo “New England IPA” seria uma moda passageira, o mercado brasileiro respondeu o oposto e hoje, grandes e pequenas cervejarias espalhadas pelo país, olham para esse estilo com muito mais respeito, quando não têm todo um portfólio, investindo em lançamentos recorrentes de ótimas releituras dessa interessante versão das afamadas India Pale Ales.

E é justamente esse estilo queridinho dos “hop-heads”, que já vinha colocando os aromáticos do lúpulo no topo, com todo um espectro de sabores e aromas possíveis, que passeiam por notas de pinho, resinoso, cítrico como grapefruit e limão siciliano, mirtilo, abacaxi, gramíneo e até uvas verdes, coco e chiclete. Com uma pegada cada vez mais úmida, suculenta e lupulada, do que as IPA’s convencionais da Costa Oeste dos Estados Unidos, a New England IPA trouxe à tona o uso da terminologia “dank” para o estilo.

Essa palavra é comumente utilizada para descrever variedades de cones maconha de alta qualidade sensorial e com aroma potente há anos, mas tem se estendido à descrição de cervejas que levem em sua composição, lúpulos que mimetizem essas características da cannabis sativa.

Como sabemos, a planta do lúpulo (humulus lupulus) pode ser considerada uma prima distante da maconha e por isso, pode exibir características terpênicas semelhantes em aroma e sabor, mas obviamente não nos efeitos psicoativos.

 

A razão dos aromas familiares entre os dois, se dá por conta dos seus óleos essenciais ou terpenos. Alguns dos principais compostos aromáticos do lúpulo são: mirceno, beta-pineno e alfa-humuleno. Esses e outros compostos aromáticos também dão às plantas de cannabis seu cheiro característico e daí nasceu a associação.

 

 

As semelhanças não se restringem ao aroma: o alfa-ácido primário responsável por produzir a ação amarga no lúpulo é a humulona, que é um terpenóide semelhante ao ingrediente ativo principal da maconha.

Embora os terpenos sejam mais comumente associados à cannabis, eles são encontrados em muitas plantas: os limões têm limoneno, rosas têm geraniol e a lavanda tem linalol, por exemplo. 

A tradução literal do termo "dank" talvez não seja exatamente o que encontraremos ao beber uma cerveja assim descrita: "desagradavelmente úmido, mofado, terroso e tipicamente frio, de um porão", mas sim algo como: algo “verde” e pegajoso, almiscarado, suculento e de aroma de lúpulos alto nível. Talvez “dank” seja o jeito hipster de dizer “grand cru” para as cervejas lupuladas.

De fato, a palavra é de difícil tradução, assim como o termo“funky”, usado para descrever cervejas que, principalmente por influência da levedura da espécie Brettanomyces, podem desenvolver notas animais, selvagens, de suor e de couro. O uso de ambas as expressões podem causar um pouco de confusão aos consumidores, embora já tenham sido amplamente adotadas pela bolha geek cervejeira.

Um dos primeiros lúpulos a se beneficiar com essa associação foi a varietal norte-americana Strata (ou X-331), lançada em 2018 e nascida a partir de um programa de melhoramento genético de lúpulos da Universidade Estadual do Oregon, nos EUA. Graças a suas notas aromáticas que são descritas como uma mistura de toques tropicais de manga, melão, morango, maracujá, ao lado de um punch herbal e resinoso que remete justamente à maconha, ou seja, aromas dentro do que entendemos por “dank”.

Atualmente, é sabido que outras varietais de lúpulo (e suas inúmeras combinações possíveis) podem ser utilizadas para trazer essa mesma pegada "dank" para a cervejas, incluindo seu uso concomitante com terpenos isolados, para potencializar todo esse aroma resinoso, frutado e úmido.

Alguns dos lúpulos a seguir, utilizados sozinhos ou em conjunto, podem trazer essas características, tanto em aroma quanto em sabor:

 

 

Exemplos de cerveja que combinam terpenos com lúpulos para uma cerveja com perfil sensorial chamado “dank”


O tradicional Apollo, lançado em 2006 como uma varietal para amargor, que recentemente ressurgiu como lúpulo aromático e tornou-se conhecido por seus sabores cítricos, de pinho e de cannabis quando usado no final da fervura.

O Chinook, conhecido por seu caráter de pinho e resinoso, mas também conhecido por adicionar um aspecto terroso esfumaçado que se assemelha à cannabis quando utilizado em dry hopping ou adições tardias.

O raro African Queen, o Amarillo, o Columbus (CTZ), o Eureka, o Galaxy, o Summit, entre outras variedades emergentes e modernas de lúpulo, podem ainda completar essa lista.

E você? Já experimentou alguma cerveja dank?

Ficou interessado no assunto? Aqui vai a dica de alguns artigos sobre o tema para você continuar estudando:

Site: https://beermaverick.com/the-dank-connection-between-weed-and-hops/. Consultado em junho,2021

Site: https://qz.com/quartzy/1221995/dank-is-the-new-umami/ . Consultado em junho,2021

Site: http://www.orangemedianetwork.com/daily_barometer/aroma-hops-breeding-program-develops-grows-new-strata-hop/article_6ebc4766-c285-11e7-9ec3-93b41bcb6c5c.html . Consultado em junho, 2021.

Site: https://worthy.beer/strata-terpilicious-terpiffic-and-terpendous/# . Consultado em junho, 2021.